São Paulo, 23 de maio de 2023 – Atuar de forma conjunta e estruturada por meio da inteligência e dados, articulação de indivíduos e organizações, bem como incentivos a melhores práticas que erradiquem a fome e reduzam o desperdício de alimentos em toda a cadeia. Este é o papel do Pacto Contra a Fome, movimento suprapartidário e multissetorial lançado nesta manhã com a presença de lideranças do governo, academia, empresariado, entidades não governamentais e religiosas, entre outros.
Na ocasião, também foi lançada a campanha “Com Fome, Não Dá” que será veiculada nacionalmente em mídia impressa, digital e TV e que conta com a participação de Criolo, Ivete Sangalo, Formiga, Marcelo Adnet, Ana Maria Braga, Pequena Lo, Naiara Azevedo e Ivan Baron.
“Não podemos nos conformar que tantos brasileiros continuem passando fome em 2023, com tantos saberes e tecnologias disponíveis. É incoerente, um dos maiores produtores e exportadores agrícolas no mundo, ainda ter cidadãos passando fome e, ao mesmo tempo, desperdiçar alimentos desde o campo à mesa”, ressalta Geyze Diniz, co-fundadora e presidente do Conselho do Pacto Contra a Fome.
A Fome e o Desperdício de Alimentos no Brasil
Em 2022, cerca de 33 milhões de brasileiros estavam em situação de fome, o nível mais grave de insegurança alimentar – situação em que a pessoa não tem comida, nem dinheiro para comprar, ou quando só faz uma refeição diária ou, pior ainda, fica um dia ou mais sem comer nada. Desde 2018 este número tem crescido e, com a pandemia, o cenário se acentuou1.
A fome está presente em todo o Brasil e, de acordo com o II Inquérito Nacional da Insegurança Alimentar no Contexto da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede PENSSAN, em valor absoluto, 56% das pessoas que passam fome no país moram, em sua maioria, nos estados de SP, RJ, PA, CE, MA e PE1.
Em 2021, foi realizado um estudo em parceria com a Integration Consulting, para analisar as causas da fome e entender como se dá o desperdício de alimentos e se há correlação entre eles. O estudo mostrou que, dentro desta realidade, existem alguns grupos mais vulneráveis perante a fome que são: famílias chefiadas por mulheres (19,3% do seu total), população pretas e pardas (18,1% de seu total) e população urbanas (15% do seu total).
“Em relação ao desperdício de alimentos, temos um grande apagão de dados. Não há estudos com metodologia de mensuração integrada que contemple todos os elos da cadeia alimentar e que permita fazer o mapeamento completo do problema. No entanto, com base nos dados existentes, estimamos que cerca de 55 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, desde a produção até a casa do consumidor”, explica Geyze Diniz. Conforme revela o diagnóstico, o total estimado do desperdício supera em oito vezes o déficit alimentar dos que têm fome2.
“A principal conclusão do estudo é que a fome e o desperdício de alimentos são problemas distintos. A fome é um problema estrutural e precisa ser endereçado como tal, a partir de políticas públicas nos três níveis da federação e de uma sociedade civil engajada. O estudo também nos mostra que tem boas iniciativas já atuando nisto e que precisam ter mais sinergias. Ao mesmo tempo, a questão do desperdício deve nos gerar um inconformismo ainda maior e pode ser uma alavanca de ação no combate à fome”, conclui Geyze Diniz.
Missão, visão e os pilares de atuação do Pacto Contra a Fome
O Pacto Contra a Fome foi criado com a missão de engajar toda a sociedade para erradicar a fome de maneira estrutural e permanente e reduzir o desperdício em toda a cadeia de alimentos. O movimento tem como visão não ter nenhuma pessoa com fome no Brasil até 2030 e, para 2040, todas as pessoas no país estarem bem alimentadas.
Por estas razões caberá ao Pacto Contra a Fome dar visibilidade, promover e criar sinergias entre iniciativas existentes em relação aos temas fome e desperdício de alimentos atuando em parceria com diferentes atores da sociedade. Na questão da fome, sobretudo com o governo. Para isso, o Movimento atuará em três pilares distintos:
- Inteligência: Consolidar e disseminar conhecimento e dados sobre os problemas e as soluções para a fome e o desperdício de alimentos, contribuindo com a mensuração de impacto e a construção de sinergias por meio da tecnologia. Para isso foi criado o Hub Pacto Contra a Fome, plataforma de inteligência que tem como intuito reunir todas as iniciativas que já atuam na causa, independente do setor e local de atuação, dando visibilidade e promovendo conexões;
- Articulação: Dialogar com o governo e a sociedade civil para o fortalecimento de políticas públicas e práticas sociais voltadas à segurança alimentar e à redução do desperdício, com base em dados, evidências e a escuta das necessidades da população;
- Incentivos: Reconhecer e promover iniciativas já existentes para o combate à fome e ao desperdício. Além disso, desenvolver mecanismos que estimulem o setor privado e o mercado financeiro a agirem no tema. Promovendo o aspecto Social dentro do ESG.
Prêmio Pacto Contra a Fome
Ainda durante o evento, foi lançado oficialmente o Prêmio Pacto Contra a Fome. Em cooperação com UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o prêmio tem como objetivo dar visibilidade e reconhecer as iniciativas que trabalham no combate à fome e/ou ao desperdício de alimentos no Brasil.
A premiação será dada aos projetos que se destacarem nas seguintes categorias: Combate à Fome, Redução ou Reversão do Desperdício de Alimentos e Promoção da Segurança Alimentar, dentro das subcategorias: assistencialista de curto prazo e estrutural permanente.
Para participar é necessário cadastrar a iniciativa no Hub Pacto Contra a Fome e, em seguida, preencher o formulário específico do Prêmio. O período de inscrição será de 23 de maio até 10 de julho. O anúncio das seis iniciativas vencedoras será feito em outubro e os ganhadores receberão R$100 mil cada.
Mais informações sobre os dados do estudo, acesse: www.pactocontrafome.org
Fontes:
1: Relatório VigiSAN II: Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil, por Estado (2022). Nota: os valores de população com fome e IDF foram ajustados para que a soma das pessoas com insegurança alimentar grave atingisse o valor exato de 33,1 milhões. FONTE: Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Rede PENSSAN) II VIGISAN Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil.
2: Compreendemos que, tecnicamente, perda e desperdício são conceitos diferentes. A perda é causada por diversos fatores, como a quebra. Entretanto, para simplificar e alcançar um público maior, utilizamos o desperdício como um termo comum que irá agregar os diferentes tipos de perda e também o desperdício.
Sobre o Pacto Contra a Fome
O Pacto Contra a Fome é um movimento suprapartidário e multissetorial que se uniu por um propósito comum: combater a fome e reduzir o desperdício de alimentos no Brasil. Sua atuação é feita por meio da articulação, da inteligência estratégica e do reconhecimento de boas práticas para construir pontes entre a sociedade civil organizada, o setor privado e o governo para realizar uma mudança estrutural e permanente em relação aos temas fome e desperdício de alimentos.
Saiba mais em: www.pactocontrafome.org
São co-fundadores do Pacto Contra a Fome: Alcione Pereira, Alexandre Loures, Ana Maria Diniz, Andrea Aun, Anette Trompeter, Carola Matarazzo, Celia Parnes, Celso Athayde, Claudia Pagnano, Christel Scholten, Daniela Castro, Danilo Vicente, David Hertz, Disraelli Galvão, Edu Lyra, Fernanda Camargo, Gabriela Ermini, Gabriella Marques, Geyze Diniz, Gustavo Porpino, Helio Mattar, Heloisa Guarita, João Alberto F. de Abreu, José Eduardo Laloni, Juliana Ramalho, Juliana Tângari, Kiko Afonso, Laura Muller Machado, Luciana Quintão, Marcio Milan, Maria Siqueira, Patrícia Florissi, Preto Zezé, Raphael Vandystadt, Regina Esteves, Selma Moreira, Sergio Gordilho, Silvio Meira, Stella Brant, Vânia Neves.
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