O Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio (CNMA) contará com uma parceria inédita na edição de 2024. O Instituto Pacto Contra a Fome, movimento que atua no combate à fome e ao desperdício de alimentos no Brasil, será o parceiro social do CNMA. “Estamos muito contentes em participar de uma iniciativa que apoia as mulheres, em especial aquelas de um setor tão fundamental para o Brasil como é o agronegócio”, explica Rosana Blasio, CEO do Instituto Pacto Contra a Fome.
Nascido em maio do ano passado, o Pacto Contra a Fome tem como missão apoiar ações estruturantes e permanentes para erradicar a fome no Brasil. “Temos como visão acabar com a fome até 2030 e, até 2040, ter todas as pessoas bem alimentadas. O cumprimento desta meta passa por iniciativas de todos os setores, de governos à sociedade civil, e é para nós fundamental incluí-lo em um evento da grandeza do Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio”, explicou.
Para o instituto, a fome é um problema complexo e multissetorial e sua erradicação depende de uma série de ações e políticas públicas que atuem em suas causas raízes. “A fome tem três causas raízes que são a desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso ao alimento, e elas agem num ciclo vicioso que começa no prejuízo à saúde e ao desenvolvimento individual, mas culmina em um problema social coletivo que traz baixo desenvolvimento e menos recursos governamentais para investimento, retroalimentando o problema”, explicou.
Com o objetivo de atuar para minimizar essas causas mais profundas da fome, o Pacto Contra a Fome atua ancorado em dois eixos: inclusão socioeconômica e acesso ao alimento. “Baseados nesses eixos estabelecemos quatro grandes programas, que abarcam toda a nossa linha de atuação. São eles a inclusão produtiva e acesso à renda, gestão nacional de segurança alimentar, distribuição de alimentos e transição de sistemas alimentares. Estamos aprofundando projetos e parcerias para que essas ações atuem de forma permanente e estruturante nas causas da fome e ela deixe de ser uma realidade nacional definitivamente”.
“Temos convicção de que as mulheres que atuam no agronegócio têm muito a contribuir seja por meio da incidência em suas comunidades, no apoio às pautas ou agregando ideias e iniciativas que ajudem a mudar os ponteiros da fome no Brasil”, finalizou Rosana.
SOBRE A FOME
O Brasil tem hoje 33,1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, de acordo o Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan – Vigilância da Segurança Alimentar e Nutricional), elaborado pela rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). No total, 125 milhões de brasileiros vivem em algum grau de insegurança alimentar.
Ao mesmo tempo, estudo feito pelo Pacto Contra a Fome demonstra que 55 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente, o suficiente para alimentar oito vezes o total de pessoas em insegurança alimentar no país.
A fome no Brasil tem cara e tem gênero. No Norte e Nordeste, as formas mais severas de insegurança alimentar (moderada e grave) atingem 45,2% e 38,4% dos domicílios, respectivamente, segundo o II VIgisan, enquanto no Centro-oeste chega a 28,4%, no Sudeste é de 27,4%, e no Sul, 21,7%.
A restrição alimentar atinge 65% dos domicílios onde a pessoa de referência se declara preta ou parda. Além disso, 6 em cada 10 lares chefiados por mulheres convivem com a insegurança alimentar e 19,3% deles convive com a fome, número superior ao dos lares que têm homens como responsáveis (11,9%), segundo o Vigisan.
Os domicílios rurais também são atingidos fortemente. Mais de 60% deles estão em situação de insegurança alimentar e 18,6% das famílias convivem com a fome, número superior ao da média nacional, que é de 15,5%. Para saber mais sobre o Pacto Contra a Fome e como colaborar acesse www.pactocontrafome.org ou envie um email para [email protected]