ODS 1: saiba mais sobre o objetivo de erradicação da pobreza

Conheça as metas do ODS 1 e entenda a importância da erradicação da pobreza para o desenvolvimento sustentável

Acabar com a pobreza é o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. E não é à toa. A miséria afeta bilhões de pessoas no mundo, restringindo o acesso a direitos básicos, perpetuando desigualdades e dificultando o desenvolvimento sustentável.

Com a meta de erradicar a pobreza em todas as suas formas, o ODS 1 é um dos objetivos da Agenda 2030 em que o Pacto Contra a Fome atua, já que a pobreza é uma das principais causas da insegurança alimentar.

Conheça no detalhe as metas do ODS 1 e entenda a importância da erradicação da pobreza para a construção de um futuro mais justo e sustentável.

Entenda o que são os ODS

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um conjunto de 17 metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Eles fazem parte da chamada Agenda 2030, um plano de ação no qual 193 estados-membros da ONU se comprometeram a enfrentar problemas mundiais urgentes.

Seu objetivo principal é promover um desenvolvimento mais equilibrado e sustentável, garantindo que as necessidades da geração atual sejam atendidas sem comprometer as gerações futuras.

Entre seus 17 objetivos e 169 metas, estão a erradicação da pobreza e da fome, o acesso à saúde de qualidade e educação inclusiva, a igualdade de gênero, a proteção dos direitos humanos, o uso sustentável dos recursos naturais e a luta contra as mudanças climáticas.

Saiba todos os objetivos da Agenda 2030 no nosso artigo: ODS: conheça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

ODS 1: erradicação da pobreza

O objetivo sustentável de número um é o maior desafio global da atualidade: a erradicação da pobreza. O ODS 1 busca acabar com a pobreza em todas as formas e em todos os lugares até 2030, garantindo que nenhuma pessoa viva em situação de vulnerabilidade.

A pobreza não se trata apenas de falta de renda – envolve falta de acesso a recursos básicos como moradia digna, água potável, alimentação adequada, educação de qualidade, saúde e saneamento.

Segundo o Banco Mundial, famílias com renda diária de até US$ 6,85 por pessoa estão na faixa da pobreza. Quando o valor cai para até US$ 2,15 por indivíduo, a família é considerada em situação de extrema pobreza.

De acordo com o Índice Global de Pobreza Multidimensional (IPM) de 2023, 1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza em 110 países, sendo quase metade delas crianças menores de 18 anos.

Para erradicar a pobreza, o ODS 1 propõe medidas de proteção social a todas as pessoas, incluindo grupos mais vulneráveis, como mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência. 

Sendo a pobreza um fenômeno complexo e multidimensional, o cumprimento desse objetivo está diretamente ligado ao progresso de outros ODS apoiados pelo Pacto Contra a Fome, como o ODS 2 (fome zero e agricultura sustentável), o ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico) e o ODS 10 (redução das desigualdades). 

Metas e indicadores do ODS 1

O ODS 1 é composto por cinco metas e duas submetas que especificam as ações necessárias para que os países alcancem a erradicação da pobreza até 2030. Cada meta conta com indicadores próprios para monitorar o desempenho desse objetivo.

Veja quais são as metas do ODS 1 e seus indicadores:

  • Meta 1.1 Erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, atualmente medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia.
    • Indicador: Percentual da população abaixo da linha internacional de pobreza extrema.
  • Meta 1.2 Reduzir pelo menos à metade a proporção de pessoas que vivem na pobreza monetária e não monetária.
    • Indicadores: Proporção da população vivendo abaixo da linha de pobreza nacional e proporção de homens, mulheres e crianças vivendo na pobreza.
  • Meta 1.3 Implementar medidas e sistemas de proteção social adequados para todos e atingir a cobertura integral dos pobres e das pessoas em situação de vulnerabilidade.
    • Indicador: Proporção da população abrangida por regimes de proteção social.
  • Meta 1.4 Garantir que todos, particularmente os pobres e pessoas em situação de vulnerabilidade, tenham acesso a serviços sociais, infraestrutura básica, novas tecnologias e meios para produção, tecnologias de informação e comunicação, serviços financeiros e segurança no acesso equitativo à terra e aos recursos naturais.
    • Indicadores: Proporção da população que vive em domicílios com acesso a serviços básicos e proporção da população adulta total com direitos de posse da terra garantidos.
  • Meta 1.5 Construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, e reduzir a exposição e vulnerabilidade destes a eventos extremos e desastres econômicos, sociais e ambientais.
    • Indicadores: Número de pessoas afetadas por desastres e número de países e governos locais que adotaram e implementaram estratégias de redução de risco de desastres.
  • Submeta 1.a Garantir uma mobilização para que os países em desenvolvimento implementem programas e políticas voltadas à erradicação da pobreza.
    • Indicadores: Proporção de recursos alocados para programas de redução de pobreza e proporção de despesas públicas com serviços essenciais.
  • Submeta 1.b Criar marcos políticos com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos pobres para apoiar investimentos nas ações de erradicação da pobreza.
    • Indicador: Proporção das despesas governamentais em setores que beneficiam desproporcionalmente mulheres, pobres e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Importância da erradicação da pobreza

Após  20 anos seguidos com quedas nos números globais da pobreza, a crise causada pela Covid-19 empurrou quase 37 milhões de pessoas para a pobreza extrema em 2020, segundo o levantamento Goalkeepers Report 2020 da Gates Foundation.

Desde então, uma série de obstáculos têm impedido essa recuperação, como desigualdade, instabilidade política, conflitos, crise climática e custo de vida elevado. Além da falta de acesso a itens essenciais para a dignidade humana, as pessoas em situação de pobreza enfrentam discriminação social e são excluídas das decisões políticas. 

Essa privação a direitos fundamentais amplia desigualdades e gera instabilidade política e social, aumentando o risco de conflitos. Isso perpetua o ciclo da pobreza e compromete o desenvolvimento sustentável dos países. A miséria também está ligada a problemas como  fome, falta de acesso à educação e vulnerabilidade climática.

Por isso, a erradicação da pobreza é a chave para garantir sociedades mais justas e equilibradas. O acesso a condições dignas de vida não apenas melhora a qualidade de vida das pessoas, mas também fortalece economias, reduz desigualdades e promove maior estabilidade social.

ODS 1 e 2: combate à pobreza e à fome

O ODS 1 está interligado ao segundo objetivo sustentável da Agenda 2030: fome zero e agricultura sustentável – uma das principais metas apoiadas pelo Pacto Contra a Fome.

A pobreza e a fome estão conectadas, pois a falta de renda limita o acesso a alimentos adequados, tornando a insegurança alimentar uma das consequências mais graves da pobreza. Da mesma forma, a desnutrição dificulta o desenvolvimento físico e intelectual, reduzindo oportunidades de educação e trabalho, contribuindo para a perpetuação do ciclo da pobreza.

Erradicação da pobreza no Brasil

Em 2024, a linha de pobreza do Brasil foi fixada em R$ 665 mensais por pessoa, enquanto a extrema pobreza equivale a uma renda mensal inferior a R$ 209 – de acordo com os indicadores do Banco Mundial.  

Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), 59 milhões de brasileiros viviam na pobreza em 2023, cerca de 27% da população. Nesse mesmo ano, a população vivendo na extrema pobreza diminuiu para 9,5 milhões de pessoas. Essas taxas de pobreza no país são as menores registradas desde 2012, início da série histórica da pesquisa.

Apesar da queda nos índices, a desigualdade social, o acesso limitado a serviços básicos e a informalidade no mercado de trabalho dificultam a erradicação da pobreza no Brasil. Questões como crises econômicas, inflação e desastres ambientais também afetam em maior proporção as famílias de baixa renda. 

Para combater a miséria de forma eficaz, é fundamental a implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão social. Um dos destaques no Brasil, e reconhecido internacionalmente, é o programa de transferência de renda Bolsa Família, que oferece apoio financeiro a famílias em situação de vulnerabilidade. 

Essas medidas não apenas aliviam a pobreza imediata, mas também fortalecem a inclusão social e contribuem para a quebra do ciclo da pobreza, promovendo melhores oportunidades para as futuras gerações.

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