As mudanças climáticas são uma das maiores ameaças à sobrevivência humana e ao equilíbrio do planeta. Além de afetar o meio ambiente, a intensificação de eventos climáticos extremos coloca em risco as populações mais vulneráveis, ameaçando direitos humanos fundamentais como o acesso a alimentos, água potável e saúde.
A atuação do Pacto Contra a Fome se alinha diretamente a esse objetivo por meio de ações que visam transformar os sistemas alimentares, um dos principais passos para mitigar os efeitos das alterações climáticas que impactam a segurança alimentar.
Neste artigo, conheça as metas e indicadores do ODS 13, entenda os impactos das mudanças climáticas e a urgência de se criar e implementar soluções para mitigar seus efeitos devastadores.
Agenda 2030 e ODS: o que são?
A Agenda 2030 é um plano de ação global adotado por 193 Estados-membros das Nações Unidas (ONU) em 2015. Sua missão é promover o desenvolvimento sustentável em escala mundial, erradicando a pobreza extrema e protegendo o meio ambiente.
Para isso, no centro da Agenda 2030 estão os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), desdobrados em 169 metas em áreas fundamentais como educação, saúde, igualdade de gênero, crescimento econômico, ação climática e justiça social.
Os ODS funcionam como um guia para que governos, setor privado, sociedade civil e indivíduos alinhem suas políticas e práticas em direção a um futuro melhor. A proposta é que todos os países adotem estratégias que equilibrem crescimento econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental.
ODS 13: ação contra a mudança global do clima
O ODS 13, intitulado “ação contra a mudança global do clima”, tem como foco adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos, promovendo a resiliência dos países e das comunidades diante dos riscos ambientais.
Reconhecendo a intensificação do aquecimento global causado pelas ações humanas, o ODS 13 busca impulsionar políticas públicas, ações coletivas e iniciativas inovadoras que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e mitiguem os efeitos das mudanças climáticas.
Essa meta parte do princípio de que as mudanças climáticas não afetam todas as regiões e populações da mesma forma, já que países em desenvolvimento e grupos vulneráveis tendem a sofrer mais os efeitos de fenômenos climáticos extremos. Por isso, o objetivo propõe estratégias que combinem mitigação – redução das emissões de carbono – e adaptação – fortalecimento da capacidade de enfrentar os impactos já existentes.
O ODS 13 também destaca a importância da educação ambiental, da cooperação internacional e do apoio aos países menos desenvolvidos. As discussões internacionais sobre o tema têm como palco a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), criada em 1992, sendo o principal fórum para coordenar ações globais.
O avanço das mudanças climáticas gera efeitos em cadeia que impactam áreas essenciais abordadas pela Agenda 2030, como a segurança alimentar (ODS 2), a saúde pública (ODS 3), a disponibilidade de água potável (ODS 6), o acesso à energia limpa (ODS 7) e a biodiversidade (ODS 15).
Além de uma prioridade mundial, o combate às ações climáticas é uma oportunidade de impulsionar a economia verde, gerar empregos sustentáveis, reduzir desigualdades sociais e garantir a qualidade de vida para as futuras gerações.
ODS 13: metas e indicadores
O ODS 13 é estruturado em três metas principais e duas submetas, com indicadores específicos para monitorar seu progresso, focando na mitigação das mudanças do clima, adaptação aos seus impactos e financiamento das ações climáticas.
Confira abaixo as metas e os indicadores do ODS 13:
- Meta 13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países.
- Indicadores: Número de mortes, pessoas desaparecidas e pessoas diretamente afetadas em desastres, número de países que adotam e implementam estratégias nacionais de redução de risco de desastres e proporção de governos locais que adotam e implementam estratégias locais de redução de risco de desastres.
- Meta 13.2 Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, estratégias e planejamentos nacionais.
- Indicador: Número de países que implementaram políticas ou planos para aumentar a adaptação aos impactos das mudanças climáticas, promovendo resiliência e desenvolvimento de emissões baixas, sem comprometer a produção alimentar
- Meta 13.3 Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce da mudança do clima.
- Indicadores: Número de países que integraram medidas de mitigação e adaptação, às mudanças climáticas nos currículos educacionais, e número de países que fortaleceram a capacitação para implementar ações de adaptação, mitigação e transferência de tecnologia e desenvolvimento.
- Submeta 13.a Mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para atender às necessidades dos países em desenvolvimento e operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua capitalização o mais cedo possível.
- Indicador: Montante mobilizado de dólares dos Estados Unidos por ano, entre 2020 e 2025, para o compromisso de $100 bilhões.
- Submeta 13.b Promover a criação de capacidades para o planejamento e gestão eficaz das mudanças climáticas, nos países menos desenvolvidos, com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas.
- Indicador: Número de países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento que recebem apoio (financiamento, tecnologia e capacitação) para aumentar a capacidade de planejamento e gestão das mudanças climáticas, incluindo as mulheres, os jovens e as comunidades locais e marginalizadas.
Mudanças climáticas e seus impactos
Embora naturais ao longo da história da Terra, as mudanças climáticas têm sido aceleradas pelas atividades humanas desde a Revolução Industrial. A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a agropecuária intensificaram a emissão de gases de efeito estufa, amplificando o efeito estufa e aquecendo o planeta em um ritmo preocupante.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura média global já aumentou cerca de 1,1°C desde a era pré-industrial, e pode ultrapassar 1,5°C nas próximas décadas.
As alterações climáticas já têm provocado uma série de impactos no mundo, principalmente eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas, tempestades, inundações e elevação do nível do mar.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mudança climática é a maior ameaça global à saúde do século 21. Além dos eventos extremos, a saúde também é afetada por doenças infecciosas, insegurança alimentar e hídrica, subnutrição e deslocamentos forçados. Segundo a organização, entre 2030 e 2050, as alterações do clima devem causar cerca de 250 mil mortes adicionais por ano, devido a desnutrição, malária, diarreia e estresse por calor.
Para evitar impactos climáticos ainda mais frequentes e intensos, em 2015, 195 países, incluindo o Brasil, firmaram o Acordo de Paris, se comprometendo a limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
Ponto de não retorno: a urgência de soluções para o clima
Apesar do Acordo de Paris, os esforços globais para combater as mudanças climáticas estão aquém do necessário. Em 2023, o relatório da UNFCCC alertou que a maior parte dos países ainda não está cumprindo as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, com muitos compromissos visando um aquecimento global de 2°C ou mais.
Esse cenário torna ainda mais urgente a intensificação das ações climáticas. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou: “O ponto de não retorno não está mais no horizonte. Ele já está à vista e avançando na nossa direção”. O ponto de não retorno é o momento em que as mudanças climáticas se tornam irreversíveis e suas consequências são inevitáveis.
Segundo o Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2024, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a falta de ambição nos compromissos climáticos dos países do G20 limita o progresso no combate às mudanças climáticas. No mesmo ano, o Brasil se comprometeu a uma nova meta climática alinhada ao Acordo de Paris.Em 2025, a COP 30 – 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, sediada pela primeira vez no Brasil, será uma oportunidade decisiva para que líderes mundiais assumam compromissos mais ousados e urgentes para enfrentar a crise climática.