No boletim deste mês, a inflação para o grupo de alimentos ficou em 1,09%, superior à alta de 0,61% registrada em fevereiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,56%, mas o grupo Alimentação e Bebidas voltou a liderar as pressões inflacionárias com variação de 1,17%, mais do que o dobro da inflação geral registrada no mês.
O boletim também traz uma análise sobre a cesta básica saudável e indica que os produtos in natura tiveram uma variação de 1,45%, enquanto alimentos não saudáveis tiveram uma variação de 1,07%. Isso acontece porque produtos industrializados podem ser estocados por mais tempo e sua matéria prima custa menos, o que faz com que haja mais controle sobre seus preços.
Com a alta de itens básicos, como o ovo, tomate e o café, e sendo o preço o principal parâmetro de escolha entre os alimentos, pode-se esperar uma troca dos frescos, que são mais saudáveis, por produtos industrializados prontos, principalmente entre as menores faixas de renda.
Nosso gerente de inteligência estratégica, Ricardo Mota, falou sobre esse fenômeno no Diário do Nordeste: “Essa oscilação [de preços dos alimentos saudáveis], quando ocorre de forma recorrente, faz com que o consumidor olhe para esse alimento de forma mais negativa. Isso estimula a escolha de um alimento ultraprocessado, que tem um preço mais estável no tempo.”
Leia o Boletim da Inflação dos Alimentos de março para conferir a análise completa!
Como a inflação dos alimentos impacta a segurança alimentar?
Quando os alimentos ficam mais caros, milhões de famílias precisam comprometer a qualidade da sua alimentação para garantir a comida na mesa ou diminuir o tamanho do prato, com menos variedade, ou até mesmo priorizar quem precisa comer mais.
Essas situações representam a insegurança alimentar. No nível mais grave, que é a fome, as mudanças afetam a família inteira, que pode chegar a ficar um ou mais dias sem comer.
A alta de preços gera diferentes impactos para essas famílias em situação de pobreza e grupos vulnerabilizados socialmente. Isso porque o peso da alimentação no orçamento familiar é muito desigual, chegando até 61,2% dos gastos para quem tem renda de até R$2 mil.
Pensando nisso, estamos produzindo, desde janeiro de 2025, boletins mensais com dados sobre a inflação dos alimentos. O objetivo é monitorar o assunto e contribuir para uma melhor compreensão do impacto da variação dos preços no cotidiano de brasileiros e brasileiras.