Tem novidade no Boletim da Inflação dos Alimentos de maio: a partir deste mês, estaremos monitorando o preço da cesta de alimentos do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN), coordenada pelo professor Eliseu Verly Junior.
Essa cesta é um conjunto de alimentos, principalmente in natura e minimamente processados, considerados pelo Núcleo como sendo a base de uma alimentação balanceada, culturalmente referenciada e promotora de um sistema alimentar mais sustentável. Apresentamos o custo mensal dessa cesta nos últimos 12 meses e, em seguida, a inflação por grau de processamento dos alimentos, aprofundando o debate sobre preço, acesso e qualidade da alimentação no Brasil.
Alguns apontamentos importantes desse monitoramento foram que o valor da cesta foi orçado em R$ 432, e para que uma pessoa consiga pagar por essa cesta sem comprometer mais que 21,87% do orçamento, ela precisaria ganhar R$ 1.976. A porcentagem de 21,87%, representa a média de quanto os brasileiros gastam de sua renda com alimentação e bebidas, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Ocorre que mais de 70% da população ganha menos de R$ 1.976, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (Estadão, 2025)
Esse tipo de acompanhamento se faz necessário em um cenário marcado por inflação persistente, desigualdade no acesso à renda e aumento das mudanças climáticas. É essencial acompanhar a qualidade nutricional, a acessibilidade econômica e a composição das cestas alimentares para que políticas públicas de enfrentamento da insegurança alimentar sejam desenvolvidas com base em dados e evidências.
Confira o material completo para ver mais detalhes sobre esse monitoramento e sobre a inflação dos alimentos no mês de abril:
Como a inflação dos alimentos impacta a segurança alimentar?
Quando os alimentos ficam mais caros, milhões de famílias precisam comprometer a qualidade da sua alimentação para garantir a comida na mesa ou diminuir o tamanho do prato, com menos variedade, ou até mesmo priorizar quem precisa comer mais.
Essas situações representam a insegurança alimentar. No nível mais grave, que é a fome, as mudanças afetam a família inteira, que pode chegar a ficar um ou mais dias sem comer.
A alta de preços gera diferentes impactos para essas famílias em situação de pobreza e grupos vulnerabilizados socialmente. Isso porque o peso da alimentação no orçamento familiar é muito desigual entre as classes sociais, chegando até 61,2% dos gastos para quem tem renda de até R$2 mil.
Pensando nisso, estamos produzindo, desde janeiro de 2025, boletins mensais com dados sobre a inflação dos alimentos. O objetivo é monitorar o assunto e contribuir para uma melhor compreensão do impacto da variação dos preços no cotidiano de brasileiros e brasileiras.
*Segundo a cesta de alimentos elaborada pelo Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN)