Inflação dos alimentos – maio de 2025

Cerca de 70% da população brasileira não pode pagar por uma cesta de alimentos balanceada e promotora de um sistema alimentar mais sustentável*

Tem novidade no Boletim da Inflação dos Alimentos de maio: a partir deste mês, estaremos monitorando o preço da cesta de alimentos do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN), coordenada pelo professor Eliseu Verly Junior. 

Essa cesta é um conjunto de alimentos in natura e minimamente processados considerados pelo Núcleo como sendo a base de uma alimentação balanceada, culturalmente referenciada e promotora de um sistema alimentar mais sustentável. Apresentamos o custo mensal dessa cesta nos últimos 12 meses e, em seguida, a inflação por grau de processamento dos alimentos, aprofundando o debate sobre preço, acesso e qualidade da alimentação no Brasil. 

Alguns apontamentos importantes desse monitoramento foram que essa cesta adequada representa 21,4% dos orçamentos das famílias brasileiras, em média. Mais de 10% dos brasileiros têm rendimento domiciliar per capita inferior ao custo da cesta, ou seja, mais de 21,7 milhões de pessoas não conseguiriam acessar esse conjunto de alimentos, mesmo se direcionassem todos os seus recursos para alimentação, e mais de 30% da população gastaria mais da metade de seus rendimentos para realizar refeições de acordo com essa referência.

Além disso, se considerasse o peso da alimentação no orçamento de acordo com o IPCA, 21,87%, o rendimento médio per capita mínimo necessário para adquiri-la e arcar com demais despesas deveria ser de R$1.976, o que está fora do alcance de mais de 70% da população.

Esse tipo de acompanhamento se faz necessário em um cenário marcado por inflação persistente, desigualdade no acesso à renda e aumento das mudanças climáticas. É essencial acompanhar a qualidade nutricional, a acessibilidade econômica e a composição das cestas alimentares para que políticas públicas de enfrentamento da insegurança alimentar sejam desenvolvidas com base em dados e evidências.

Confira o material completo para ver mais detalhes sobre esse monitoramento e sobre a inflação dos alimentos no mês de abril:

Como a inflação dos alimentos impacta a segurança alimentar?

Quando os alimentos ficam mais caros, milhões de famílias precisam comprometer a qualidade da sua alimentação para garantir a comida na mesa ou diminuir o tamanho do prato, com menos variedade, ou até mesmo priorizar quem precisa comer mais.

Essas situações representam a insegurança alimentar. No nível mais grave, que é a fome, as mudanças afetam a família inteira, que pode chegar a ficar um ou mais dias sem comer.

A alta de preços gera diferentes impactos para essas famílias em situação de pobreza e grupos vulnerabilizados socialmente. Isso porque o peso da alimentação no orçamento familiar é muito desigual, chegando até 61,2% dos gastos para quem tem renda de até R$2 mil.

Pensando nisso, estamos produzindo, desde janeiro de 2025, boletins mensais com dados sobre a inflação dos alimentos. O objetivo é monitorar o assunto e contribuir para uma melhor compreensão do impacto da variação dos preços no cotidiano de brasileiros e brasileiras.

*Segundo a cesta de alimentos elaborada pelo Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN)

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