Em agosto, a inflação do grupo de alimentos e bebidas apresentou queda (-0,46%) pela terceira vez consecutiva, assim como a inflação geral, cuja redução foi impulsionada pelo grupo Habitação e pela redução de 4,21% na energia elétrica residencial.
A queda mais acentuada nos preços de alimentos e bebidas no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em comparação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também indica um alívio proporcionalmente maior no custo de vida das famílias de menor renda.
Além disso, o custo mensal da cesta Nebin, referência de cesta de alimentos saudáveis e com menos impactos ambientais, teve mais uma queda, passando de R$415 para R$408 por pessoa. O preço dela vem caindo desde abril deste ano e, agora, chega ao nível do fim de 2024, o menor patamar em nove meses.
Ainda no contexto da alimentação saudável, nota-se que somente os preços dos alimentos ultraprocessados aumentaram em relação a julho; uma variação de 0,36%. Já os alimentos “in natura e minimamente processados”, “ingredientes culinários” e os “processados” apresentaram variações negativas de preços, -1,58%, -0,73% e -0,10%, respectivamente.
Essa redução no preço dos alimentos básicos e saudáveis representa um alívio para as classes de renda mais baixa, garantindo um maior acesso à segurança alimentar.
Tem novidade na edição deste mês
A partir desta edição do Boletim, incluímos uma seção dedicada à análise de um dos especialistas que participam da dessa iniciativa, na seção “Análise especial”. Em setembro, o professor Walter Belik, co-fundador do Instituto Fome Zero, traz sua visão sobre a dinâmica dos custos da alimentação fora de casa e o desafio que essa categoria coloca mesmo em um contexto de queda de preços.
Como a inflação dos alimentos impacta a segurança alimentar?
Quando os alimentos ficam mais caros, milhões de famílias precisam comprometer a qualidade da sua alimentação para garantir a comida na mesa ou diminuir o tamanho do prato, com menos variedade, ou até mesmo priorizar quem precisa comer mais.
Essas situações representam a insegurança alimentar. No nível mais grave, que é a fome, as mudanças afetam a família inteira, que pode chegar a ficar um ou mais dias sem comer.
A alta de preços gera diferentes impactos para essas famílias em situação de pobreza e grupos vulnerabilizados socialmente. Isso porque o peso da alimentação no orçamento familiar é muito desigual entre as classes sociais, chegando até 61,2% dos gastos para quem tem renda de até R$2 mil.
Pensando nisso, estamos produzindo, desde janeiro de 2025, boletins mensais com dados sobre a inflação dos alimentos. O objetivo é monitorar o assunto e contribuir para uma melhor compreensão do impacto da variação dos preços no cotidiano de brasileiros e brasileiras.