A saúde é essencial para uma vida plena e produtiva. Por isso, o ODS 3 tem como missão promover o bem-estar para todas as pessoas. No entanto, garantir uma vida saudável vai além de tratamentos médicos – envolve alimentação adequada, saneamento básico e condições de vida dignas.
Entenda as metas do ODS 3 para garantir saúde e bem-estar e quais são os avanços e desafios rumo a um futuro mais saudável.
O que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um conjunto de 17 metas mundiais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como parte da Agenda 2030. Essa agenda foi adotada em 2015 por 193 países-membros da organização com objetivo de promover um futuro mais justo, sustentável e equilibrado para toda a população mundial.
Sucedendo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que vigoraram de 2000 a 2015, os ODS passaram a incluir desafios ambientais, econômicos e sociais conectados entre si, reconhecendo que o desenvolvimento sustentável depende da conexão entre esses fatores.
Cada um dos 17 ODS possui metas específicas – ao todo, são 169 –, que orientam os países a adotarem políticas públicas e iniciativas que promovam mudanças concretas. Os temas abordam desde a erradicação da pobreza e da fome até a promoção de saúde, educação, igualdade de gênero, proteção ambiental e crescimento econômico sustentável.
Abordamos os objetivos da Agenda 2030 no artigo: ODS: conheça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
ODS 3: Saúde e bem-estar
O ODS 3 busca garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, nas diferentes idades, dando continuidade aos avanços alcançados entre 2000 e 2015.Nesse período, a taxa global de mortalidade materna caiu em um terço, o número de pessoas infectadas pelo HIV anualmente diminuiu de 3,1 milhões para 2 milhões e mais de 6,2 milhões de vidas foram salvas da malária, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ter acesso à saúde de qualidade é fundamental para o desenvolvimento sustentável. Isso porque populações saudáveis são mais produtivas, têm melhor qualidade de vida e podem contribuir ativamente para o crescimento social e econômico.
No entanto, a saúde não existe sozinha: esse ODS está diretamente relacionado a outros objetivos sustentáveis, como alimentação adequada (ODS 2), condições de moradia (ODS 11), saneamento básico (ODS 6) e acesso à educação (ODS 4). Apesar do progresso, ainda há desafios importantes a serem superados na área da saúde. A expectativa de vida, por exemplo, aumentou mais de seis anos entre 2000 e 2019, de 66,8 para 73,1 anos, segundo o relatório World Health Statistics 2024 da OMS. No entanto, a pandemia de Covid-19 reverteu quase uma década de evolução desse indicador.
Outra preocupação é a contaminação ambiental. Conforme os dados da OMS, cerca de 24% das mortes no mundo estão relacionadas a fatores ambientais, sendo a poluição um dos principais responsáveis. Estima-se que 99% da população mundial viva em áreas com níveis de poluição superiores aos limites estabelecidos pela organização
Para enfrentar esses desafios, o ODS 3 estabelece metas para reduzir a mortalidade materna e infantil, ampliar a cobertura vacinal, combater a subnutrição e controlar doenças transmissíveis e crônicas. O objetivo também foca no fortalecimento dos sistemas de saúde e no enfrentamento de transtornos mentais e nos impactos do uso de álcool, tabaco e outras drogas.
ODS 3: metas e indicadores
O ODS 3 é composto por nove metas e quatro submetas com indicadores próprios para assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas. Confira:Veja todas as metas e submetas específicas do ODS 3:
- Meta 3.1 Reduzir a taxa de mortalidade materna global.
- Indicadores: Razão de mortalidade materna e proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde qualificado.
- Meta 3.2 Acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos.
- Indicadores: Taxa de mortalidade em menores de 5 anos e taxa de mortalidade neonatal.
- Meta 3.3 Acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, hepatites, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis (além de arboviroses transmitidas pelo aedes aegypti, no caso do Brasil).
- Indicadores: Número de novas infecções por HIV, incidência de tuberculose, taxa de incidência da malária e da hepatite B, e número de pessoas que necessitam de intervenções contra doenças tropicais negligenciadas.
- Meta 3.4 Reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar.
- Indicadores: Taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, tumores malignos, diabetes mellitus e doenças crônicas respiratórias, e taxa de mortalidade por suicídio.
- Meta 3.5 Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool.
- Indicadores: Cobertura das intervenções para o tratamento do abuso de substâncias e consumo nocivo de álcool por ano.
- Meta 3.6 Reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas.
- Indicador: Taxa de mortalidade por acidentes de trânsito.
- Meta 3.7 Assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e programas nacionais.
- Indicadores: Proporção de mulheres em idade reprodutiva que utilizam métodos modernos de planejamento familiar e número de nascidos vivos de mães adolescentes.
- Meta 3.8 Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos.
- Indicadores: Cobertura da Atenção Primária à Saúde e proporção de pessoas com grandes gastos em saúde.
- Meta 3.9 Reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos, contaminação e poluição do ar e água do solo.
- Indicadores: Taxa de mortalidade por poluição ambiental do ar, taxa de mortalidade atribuída a fontes de água inseguras, saneamento inseguro e falta de higiene, e taxa de mortalidade atribuída a intoxicação não intencional.
- Submeta 3.a Fortalecer a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em todos os países.
- Indicador: Prevalência de fumantes na população de 15 ou mais anos.
- Submeta 3.b Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças transmissíveis e não transmissíveis, proporcionar o acesso a medicamentos e vacinas essenciais a preços acessíveis.
- Indicadores: Taxa de cobertura vacinal da população, ajuda oficial ao desenvolvimento para a investigação médica e para os setores básicos de saúde, e proporção de estabelecimentos de saúde que dispõem de medicamentos essenciais.
- Submeta 3.c Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento e formação, e retenção do pessoal de saúde.
- Indicador: Número de profissionais de saúde por habitante.
- Submeta 3.d Reforçar a capacidade de todos os países para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais de saúde.
- Indicador: Capacidade para o Regulamento Sanitário Internacional (RSI) e preparação para emergências de saúde.
Saúde e bem-estar no Brasil
No Brasil, a saúde pública é gerenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), instituído na Constituição de 1988 com o objetivo de garantir a todos os cidadãos o acesso universal, igualitário e gratuito aos serviços de saúde.
O SUS é uma das maiores referências de sistemas de saúde pública no mundo. Seu modelo de gestão busca atender a diversidade e as desigualdades regionais do país, oferecendo desde atendimentos básicos até procedimentos de alta complexidade.
Entretanto, o sistema ainda precisa ser fortalecido. Nos últimos anos, a rede pública tem lidado com sobrecarga nos serviços, escassez de recursos, deficiências na infraestrutura hospitalar e desigualdades no acesso à saúde.
ODS 3 e segurança alimentar
A desnutrição é considerada pela OMS um dos maiores desafios globais de saúde. Atualmente, o mundo enfrenta o duplo fardo da má nutrição, caracterizado pela coexistência da subnutrição, do sobrepeso e da obesidade. Em 2022, cerca de meio bilhão de pessoas estavam abaixo do peso, enquanto mais de um bilhão viviam com obesidade, segundo a OMS.Isso ressalta a relação entre o ODS 3 e o ODS 2, que trata da erradicação da fome e da promoção da segurança alimentar. A falta de uma alimentação adequada eleva os riscos de desnutrição, anemia, baixa imunidade e doenças crônicas, afetando a saúde e a expectativa de vida. Da mesma forma, sem saúde, o acesso ao trabalho e à renda também se torna mais difícil, perpetuando o ciclo da pobreza e a insegurança alimentar.