ODS 8: o objetivo do crescimento econômico e trabalho decente

Entenda os principais objetivos do ODS 8, suas metas e indicadores, e como o crescimento econômico pode ser inclusivo e sustentável

Entenda os principais objetivos do ODS 8, suas metas e indicadores, e como o crescimento econômico pode ser inclusivo e sustentável

O crescimento econômico não precisa ser sinônimo de desigualdade e exploração ambiental. O ODS 8 desafia o mundo a repensar a forma como são geradas as riquezas de cada país, priorizando não apenas os ganhos econômicos, mas também o bem-estar das pessoas e do planeta.

Entenda os principais objetivos do ODS 8, suas metas e indicadores, e como o crescimento econômico pode, de fato, ser inclusivo e sustentável.

Entendendo o que são os ODS da ONU

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um conjunto de 17 metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para enfrentar os desafios sociais, econômicos e ambientais mais urgentes do mundo até 2030.

Lançados em 2015, os objetivos fazem parte da Agenda 2030, um plano de ação internacional que busca promover o desenvolvimento sustentável e garantir melhores condições de vida para as gerações atuais e futuras.

Para isso, os ODS abrangem temas como erradicação da pobreza, segurança alimentar, educação de qualidade, igualdade de gênero, ação climática e crescimento econômico sustentável. 

Veja todos os ODS da Agenda 2030 no nosso artigo: ODS: conheça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

ODS 8: trabalho decente e crescimento econômico

O ODS 8 tem como foco promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo, e o trabalho digno para todas as pessoas. Isso porque as condições de trabalho justas impulsionam a economia, enquanto o crescimento sustentável cria mais oportunidades de emprego e contribui para a redução das disparidades.

Esse compromisso busca equilibrar desenvolvimento econômico, justiça social e preservação ambiental, assegurando que o progresso não aconteça às custas da exploração da mão de obra, do aumento das desigualdades ou da degradação dos recursos naturais.

Para isso, o ODS 8 propõe a geração de empregos produtivos, com direitos trabalhistas garantidos e equidade salarial, além de promover ambientes de trabalho seguros. Outra importante meta desse objetivo é a erradicação do trabalho forçado, do tráfico de pessoas e do trabalho infantil.

Esse objetivo ainda destaca a importância de aumentar a produtividade, estimular o empreendedorismo e adotar inovações que impulsionem economias sem comprometer a sustentabilidade ambiental.

O ODS 8 se conecta a outros objetivos, como a erradicação da pobreza (ODS 1) e a redução das desigualdades (ODS 10). Essa meta também se relaciona com o ODS 3, ao priorizar a saúde física e mental dos trabalhadores. Sendo fundamental no combate à pobreza e à fome, o ODS 8 é um dos objetivos nos quais o Pacto Contra a Fome atua diretamente.

ODS 8: metas e indicadores

O ODS 8 é composto por dez metas e duas submetas relacionadas a crescimento econômico, trabalho decente e sustentabilidade. Elas são essenciais para medir o impacto das políticas públicas e ações globais nesse objetivo.

A seguir, confira as metas e os indicadores do ODS 8:

  • Meta 8.1 Sustentar o crescimento econômico per capita, com um crescimento anual de pelo menos 7% do produto interno bruto (PIB) nos países menos desenvolvidos.
    • Indicador: Taxa de crescimento real do PIB per capita.
  • Meta 8.2 Aumentar a produtividade econômica por meio da diversificação, modernização tecnológica e inovação.
    • Indicador: Taxa de variação anual do PIB real por pessoa ocupada.
  • Meta 8.3 Promover atividades produtivas, geração de emprego decente, empreendedorismo, criatividade, inovação, formalização e crescimento das micro, pequenas e médias empresas.
    • Indicador: Proporção de trabalhadores ocupados em atividades não agrícolas informais.
  • Meta 8.4 Melhorar a eficiência dos recursos globais no consumo e na produção, e dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental.
    • Indicadores: Pegada material e consumo interno de materiais.
  • Meta 8.5 Alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas as mulheres e homens, inclusive para os jovens e as pessoas com deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor.
    • Indicadores: Salário médio por hora de empregados e taxa de desocupação.
  • Meta 8.6 Reduzir a proporção de jovens sem emprego, educação ou formação.
    • Indicador: Porcentagem de jovens que não estão na força de trabalho, não são estudantes e nem estão em treinamento para o trabalho.
  • Meta 8.7 Erradicar o trabalho forçado, a escravidão moderna, o tráfico de pessoas e o trabalho infantil.
    • Indicador: Proporção e número de crianças envolvidos no trabalho infantil.
  • Meta 8.8 Proteger os direitos trabalhistas e promover ambientes de trabalho seguros para todos os trabalhadores.
    • Indicadores: Taxas de frequência de lesões ocupacionais fatais e não fatais e nível de conformidade nacional dos direitos trabalhistas.
  • Meta 8.9 Elaborar e implementar políticas para promover o turismo sustentável, que gera empregos e promove a cultura e os produtos locais.
    • Indicadores: Turismo em percentagem do PIB e taxa de porcentagem de empregos relacionados com turismo sustentável.
  • Meta 8.10 Fortalecer instituições financeiras nacionais para incentivar a expansão do acesso aos serviços bancários, de seguros e financeiros para todos.
    • Indicadores: Número de agências bancárias e postos de multibanco, e proporção de adultos com uma conta num banco.
  • Submeta 8.a Aumentar o apoio da Iniciativa de Ajuda para o Comércio para os países em desenvolvimento.
    • Indicador: Compromissos e desembolsos no âmbito da iniciativa.
  • Submeta 8.b Desenvolver e operacionalizar uma estratégia global para o emprego dos jovens, com a implementação do Pacto Mundial para o Emprego.
    • Indicador: Existência de uma estratégia nacional desenvolvida e operacionalizada para o emprego dos jovens.

Trabalho decente e digno

De acordo com a definição da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho decente é aquele adequadamente remunerado e exercido em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.

No Brasil, os principais direitos dos trabalhadores são previstos na Constituição Federal de 1988. Outro marco importante é a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que trata das obrigações de empregados e empregadores, além de garantir a saúde e segurança no trabalho.

Porém, fora do trabalho formal, se encontra um dos maiores desafios dessa meta: a informalidade. Em empregos informais, os trabalhadores não são registrados, regulamentados ou protegidos por leis trabalhistas. Segundo dados da OIT, a taxa global de emprego informal era de 58% em 2024.

Um dos fatores que levam as pessoas ao trabalho informal é outro obstáculo do ODS 8: o desemprego. A OIT estima que a taxa mundial de desemprego em 2025 seja de 5%. A falta de oportunidades formais empurra muitos trabalhadores para a informalidade, condição em que ficam vulneráveis a baixos salários, jornadas exaustivas e à falta de direitos.

Para garantir um crescimento inclusivo e sustentável, é essencial adotar políticas que incentivem a criação de empregos de qualidade, promovam a qualificação profissional e assegurem condições justas no mercado de trabalho.

Crescimento econômico inclusivo e sustentável

Nas últimas décadas, o crescimento econômico foi acompanhado pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa e danos à biodiversidade – uma consequência que se reflete na atual crise climática.

Segundo o relatório Global Sustainable Development Report (GSDR), em 2020, a pandemia de Covid-19 reduziu as emissões globais em 6% devido às interrupções nas cadeias de suprimentos. No entanto, com a retomada econômica, a queda foi revertida, e as emissões voltaram a crescer em 2022.

O objetivo da Agenda 2030 é desvincular o desenvolvimento dos danos ambientais. O progresso almejado no ODS 8 não busca apenas aumentar o valor total dos bens e serviços produzidos em um país, indicado pelo PIB. 

Isso porque o crescimento econômico sozinho não garante avanços sociais e ainda pode acelerar a deterioração ambiental. Esse desenvolvimento precisa ser inclusivo, para beneficiar toda a população de maneira equitativa, e também sustentável, ou seja, ele não pode comprometer os recursos naturais das gerações futuras. 

Para isso, é fundamental repensar os modelos produtivos e adotar estratégias que aliem crescimento e preservação ambiental. Segundo o relatório da ONU, a transformação da economia para práticas mais sustentáveis – a chamada transição verde – poderia criar 18 milhões de empregos líquidos em todo o mundo.

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