Distribuição de renda no Brasil: entenda a situação atual

Saiba o que é a distribuição de renda e como ela acontece no Brasil hoje; e as causas e consequências da desigualdade econômica

Saiba o que é a distribuição de renda, como ela acontece no Brasil e as causas e consequências da desigualdade econômica

Uma das maiores economias do planeta, o Brasil ostenta um Produto Interno Bruto (PIB) na casa dos trilhões. Entretanto, o país também se destaca em outro ranking: o das nações mais desiguais do mundo.

No país do contraste, onde luxo e escassez convivem lado a lado, a distribuição de renda revela muito mais do que números – ela expõe uma realidade injusta vivida por brasileiros e brasileiras diariamente.

Entenda o que é a distribuição de renda, as causas da desigualdade econômica no Brasil e que consequências ela gera.

O que é distribuição de renda?

A distribuição de renda é a forma como a renda total de um país é repartida entre seus habitantes, isto é, como a riqueza é compartilhada em uma sociedade. Por isso, esse conceito é capaz de medir as desigualdades econômicas entre diferentes camadas da população.

Do ponto de vista econômico, uma distribuição de renda mais equitativa significa que a maioria da população tem acesso a recursos suficientes para manter um padrão de vida digno. Por outro lado, uma distribuição desigual concentra a renda em uma pequena parcela da sociedade.

Índices de distribuição de renda

A distribuição de renda pode ser medida por diferentes indicadores que avaliam o grau de desigualdade em um país ou região. Entre os índices mais utilizados para medir a distribuição de renda, destacam-se o Índice de Gini e a Curva de Lorenz.

O Índice de Gini é um dos indicadores mais conhecidos e usados nessa área. Ele mede a desigualdade em uma escala que vai de 0 a 1, na qual 0 significa que a renda está perfeitamente distribuída entre a população e 1 indica que a renda está extremamente concentrada em uma única parcela da sociedade. Ao resumir a desigualdade em um único número, o Índice de Gini facilita as comparações entre países e ao longo do tempo.

Já a Curva de Lorenz é uma representação gráfica que ilustra como a renda é distribuída. No gráfico, uma linha reta representa a igualdade perfeita, na qual todos têm a mesma renda. Quando a distribuição de renda está próxima dessa linha, significa que é mais igualitária. A Curva de Lorenz se afasta dessa linha à medida que a desigualdade aumenta, demonstrando o quanto a renda não está distribuída de forma igual entre as pessoas.

Além desses, existem outros índices que medem a desigualdade de forma distintas, como a comparação entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres, ou a divisão da população em quintis (cinco partes iguais).

Distribuição de renda no Brasil

A distribuição de renda no Brasil é marcada por níveis elevados de desigualdade, uma característica persistente na história do país. Por aqui, o Índice de Gini é tradicionalmente alto, o que coloca o Brasil entre os países mais desiguais do mundo. 

Uma das principais características da distribuição de renda no Brasil é a concentração nas mãos de uma pequena parcela da população, com o nível de desigualdade variando conforme a região do país.

Situação atual em dados

Em 2023, o Índice de Gini do Brasil ficou em 0,518, o mesmo valor de 2022 e o menor número já registrado desde 2012, quando começou a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano passado, a diferença entre rendimentos também foi a menor já registrada. De acordo com o IBGE, 10% da população brasileira com maiores rendimentos domiciliares per capita tiveram renda 14,4 vezes superior à dos 40% da população com menores rendimentos

Entre os fatores que levaram à melhora dos indicadores estão os programas sociais, em especial o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo acima da inflação e o crescimento do mercado de trabalho.

O que causa a má distribuição de renda no Brasil?

A má distribuição de renda no país é resultado de uma combinação de fatores históricos, econômicos e sociais que incluem a concentração de riqueza, as diferenças de investimento entre as regiões e as desigualdades de acesso à educação e ao mercado de trabalho.

A principal causa da concentração de renda no Brasil é a história de desigualdade social e econômica que remonta ao período colonial e à escravidão. Desde a colonização, o país desenvolveu uma estrutura econômica e social que favoreceu a elite, enquanto a maioria da população teve acesso limitado a recursos e oportunidades.

Esse histórico de desigualdade é perpetuado por diversos fatores, como:

  • Desigualdade educacional: o acesso desigual à educação de qualidade limita as oportunidades de emprego e ascensão social;
  • Mercado de trabalho informal: os empregos informais, com salários baixos e sem direitos trabalhistas dificultam a construção de uma renda estável;
  • Concentração de terras: a estrutura agrária brasileira marcada pela concentração de propriedades nas mãos de poucos favorece grandes proprietários;
  • Disparidade do investimento direcionado às regiões: caracterizada pela concentração de investimentos e oportunidades de trabalho na região Sudeste, enquanto no Norte e no Nordeste falta infraestrutura;
  • Políticas públicas ineficazes: apesar dos programas sociais existentes, a falta de investimentos consistentes em políticas sociais abrangentes e o desvio dos recursos limitam seu alcance e eficácia.

Como a distribuição de renda afeta a população?

A distribuição de renda, seja ela justa ou desigual, tem impactos significativos para a sociedade, a economia e a política de um país. No caso do Brasil, a má distribuição de renda afeta diretamente seu crescimento e estabilidade econômica, além de interferir nas condições de vida da população.

Uma das principais consequências da desigualdade econômica é o aumento da pobreza e da exclusão social. Com a renda concentrada nas mãos de poucos, a maior parte da população enfrenta dificuldades para acessar serviços essenciais, como educação, saúde, moradia e saneamento básico. Isso agrava a situação das famílias mais vulneráveis e perpetua o ciclo da pobreza, impactando também as gerações seguintes.

A má distribuição das riquezas também afeta o crescimento econômico do país, já que o poder de compra das classes mais baixas é reduzido, limitando a expansão do mercado interno. Além disso, a falta de recursos para investir em educação e qualificação profissional prejudica a produtividade e a competitividade do país a longo prazo.

A desigualdade econômica ainda contribui para o aumento da violência e da criminalidade, por conta da falta de oportunidades que pode levar à marginalização de parte da sociedade. Outra consequência é a instabilidade política, uma vez que a desigualdade pode gerar insatisfação popular e perda de confiança nas instituições governamentais.

A má distribuição de renda e a fome

A má distribuição de renda está diretamente ligada à persistência da fome no Brasil. Esse desequilíbrio dificulta o acesso das famílias de baixa renda a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, agravando a insegurança alimentar. Por isso, a principal causa da fome é a falta de acesso à renda. 

A luta pelo direito à alimentação no Brasil passa pelo enfrentamento da desigualdade. Para melhorar esse cenário, é fundamental a implementação de políticas públicas abrangentes de fortalecimento da educação, expansão de programas de transferência de renda, formalização do mercado de trabalho e promoção do desenvolvimento regional.

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