Saiba mais sobre o ODS 12, suas metas e a importância do consumo e produção sustentáveis no Brasil e no mundo
Em um planeta com recursos limitados, a forma como o ser humano consome e produz pode definir o futuro das próximas gerações. Nesse cenário, o ODS 12 é um chamado para a sociedade repensar seus hábitos e adotar práticas mais sustentáveis, garantindo que os recursos naturais continuem disponíveis e acessíveis para todos.
Esse objetivo vai além de escolhas individuais, exigindo mudanças sistêmicas que envolvem governos, empresas e cidadãos para transformar práticas insustentáveis em ações que beneficiem o planeta e a sociedade.
Neste artigo, saiba mais sobre o ODS 12, objetivos nos quais o Pacto Contra a Fome atua diretamente, quais são suas metas e sua importância no Brasil e no mundo.
Entendendo o que são os ODS
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um conjunto de metas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. Eles fazem parte da Agenda 2030, um plano de ação global para resolver problemas mundiais urgentes, como pobreza, saúde, desigualdade, educação, degradação ambiental, clima, paz e justiça.
Na ocasião da criação da Agenda e seus ODS, durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, 193 Estados-Membros da ONU se comprometeram a alcançar essas metas até 2030, erradicando a pobreza, protegendo o planeta e garantindo a prosperidade para todas as pessoas.
Os ODS são compostos por 17 objetivos integrados e indivisíveis, o que significa que os avanços em uma área impactam os resultados de outras. Cada objetivo possui uma série de metas, totalizando 169.
Saiba quais são todos os ODS no nosso artigo: ODS: conheça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
ODS 12: Consumo e produção responsáveis
Além de contribuir com o ODS 2, relacionado à fome zero e à agricultura sustentável, o Pacto Contra a Fome atua diretamente em outros sete objetivos relacionados à promoção da segurança alimentar.
Um deles é o ODS 12, que visa assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, garantindo o uso eficiente e responsável dos recursos naturais. O propósito do ODS 12 é reduzir os impactos ambientais, combater o desperdício e incentivar práticas que respeitem os limites do planeta.
De acordo com o documento que formaliza a criação da Agenda 2030, “Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável“, os países signatários têm a missão de proteger o planeta da degradação, garantindo sua capacidade de suportar as necessidades das gerações presentes e futuras.
Metas e indicadores da ODS 12
O ODS 12 estabelece 11 metas que vão desde a redução do desperdício até a promoção de práticas sustentáveis nas cadeias produtivas. Cada meta tem indicadores específicos, que permitem monitorar o progresso e identificar áreas que necessitam de melhorias.
Veja abaixo um resumo das metas da ODS 12 e alguns de seus indicadores:
- Meta 12.1. Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis.
- Indicador: Número de países que implementaram o Plano.
- Meta 12.2. Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais.
- Indicador: Pegada ecológica per capita.
- Meta 12.3. Até 2030, reduzir pela metade o desperdício global de alimentos per capita.
- Indicador: Quantidade de alimentos desperdiçados.
- Meta 12.4. Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e todos os resíduos.
- Indicador: Número de países com legislação sobre substâncias químicas e resíduos.
- Meta 12.5. Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos.
- Indicador: Taxa de reciclagem e compostagem.
- Meta 12.6. Incentivar as empresas a adotar práticas sustentáveis.
- Indicador: Número de empresas que adotam práticas de relatórios de sustentabilidade.
- Meta 12.7. Promover práticas de compras públicas sustentáveis.
- Indicador: Percentual de compras públicas sustentáveis em relação ao total.
- Meta 12.8. Até 2030, garantir que as pessoas tenham informação relevante sobre desenvolvimento sustentável.
- Indicador: Percentual da população com conhecimento sobre consumo sustentável.
- Meta 12.a. Apoiar países em desenvolvimento a fortalecer suas capacidades científicas e tecnológicas para mudar para padrões mais sustentáveis de produção e consumo.
- Indicador: Capacidade instalada de geração de energia renovável nos países em desenvolvimento.
- Meta 12.b. Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável para o turismo sustentável.
- Indicador: Aplicação de instrumentos contábeis padronizados para monitorar os aspectos econômicos e ambientais da sustentabilidade do turismo.
- Meta 12.c. Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, eliminando distorções de mercado.
- Indicador: Montante de subsídios aos combustíveis fósseis.
ODS 12 no Brasil
O Brasil, como um dos países signatários da Agenda 2030, se comprometeu a adotar práticas de consumo e produção sustentáveis, alinhadas às metas do ODS 12.
O governo brasileiro adequou algumas metas à realidade do país, inclusive adicionando novos alvos. Em relação à meta 12.1, por exemplo, além de implementar o Plano sobre Produção e Consumo Sustentáveis a nível federal, o governo decidiu avançar na meta, incluindo os estados e municípios.
Em outras áreas, o Brasil está à frente nas ações relacionadas à Agenda 2030. É o caso do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), criado em 1994, com o mesmo propósito da meta 12.8, referente à educação sobre desenvolvimento sustentável.
Outros exemplos de ações do Brasil visando o ODS 12 são a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), importantes por promover a gestão sustentável de resíduos e incentivar a reciclagem.
Uma ação mais recente é vista na nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 14.133/2021), que prioriza empresas mais sustentáveis em processos de licitação do governo.
A importância do consumo responsável
Para que o mundo alcance o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável, é preciso reduzir a chamada pegada ecológica – a quantidade de recursos usados e resíduos gerados em comparação à capacidade de regeneração do planeta.
O Dia da Sobrecarga da Terra, por exemplo, foi criado com o intuito de marcar quando a humanidade esgota os recursos naturais que o planeta pode renovar em um ano. Em 2024, essa data aconteceu em 1º de agosto, indicando que o consumo humano superou muito a capacidade de regeneração do planeta.
Para manter o padrão de consumo atual, seriam precisos 1,7 planetas Terra, afirma o World Wide Fund for Nature (WWF). Se continuar nesse ritmo, em 2050, quando a população deve chegar a 9 bilhões de pessoas, serão necessários três planetas Terra, alerta o relatório Living Planet, do WWF.
Atualmente, um dos desperdícios mais críticos é o de água. Cerca de 70% da água doce retirada no mundo é usada na agricultura, sendo que uma grande parte é desperdiçada por causa de métodos ineficientes de irrigação.
O desperdício de alimentos também é alarmante. Em 2022, foram descartados mais de 1 bilhão de toneladas de alimentos no mundo, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Esse desperdício gera de 8% a 10% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Outra preocupação é a poluição gerada pela produção e pelo consumo irresponsável. Mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos são produzidos anualmente, sendo que boa parte não é gerida de forma adequada, poluindo o solo e os cursos d’água.
Os modelos de consumo e produção atuais também exercem uma pressão sobre os ecossistemas — mais de 90% da perda de biodiversidade e 50% das emissões de gases de efeito estufa são causadas pela extração e processamento de recursos naturais.
O ODS 12 busca enfrentar esses desafios, promovendo a eficiência no uso de recursos e energia e incentivando a implementação de políticas voltadas à redução, reutilização e reciclagem.
No Brasil, mais de 55 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente, segundo nosso relatório sobre desperdício de alimentos. Ao mesmo tempo, 64 milhões de brasileiros têm acesso restrito à comida, conforme revela pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma conta que não fecha.
Por isso, a luta contra o desperdício de alimentos é uma das principais atuações do Pacto Contra a Fome. Para se engajar na causa também, baixe nosso guia “Lugar de comida é no prato” e aprenda a evitar o desperdício de alimentos em seu dia a dia.
Como exercer o consumo responsável?
Para alcançar as metas do ODS 12, é necessário o engajamento de governos, empresas e cidadãos. Embora o Brasil tenha avançado em algumas áreas, ainda há um longo caminho pela frente para alcançar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Por isso, adotar hábitos de consumo responsável é essencial para reduzir o impacto ambiental e promover a sustentabilidade.
Quer saber como contribuir com o ODS 12? Veja algumas ações práticas:
- Reduzir o consumo: Evitar compras impulsivas e priorizar produtos de longa duração e alta qualidade;
- Reduzir o desperdício de alimentos: Planejar as refeições, armazenar alimentos corretamente e aproveitar sobras;
- Reutilizar e reciclar: Sempre que possível, reutilizar produtos e reciclar materiais, como papel, plástico e vidro;
- Escolher produtos sustentáveis: Optar por produtos com certificações ambientais, feitos de materiais reciclados ou biodegradáveis;
- Economizar água e energia: Adotar práticas que reduzam o consumo, como desligar aparelhos eletrônicos quando não estiverem em uso;
- Apoiar empresas com práticas sustentáveis: Comprar de marcas que priorizam o uso de materiais reciclados, processos de produção ecológicos e ações para reduzir a pegada de carbono.
Essas atitudes ajudam a minimizar os impactos ambientais e contribuem para um futuro mais sustentável. O consumo responsável é um compromisso coletivo, no qual cada escolha faz a diferença.