A Cesta Básica de Alimentos Brasileira é um projeto do Núcleo de Epidemiologia e Biologia da Nutrição (NEBIN) da UERJ, coordenado pelo professor Eliseu Verly Junior, que monitora os preços dos alimentos recomendados para uma alimentação saudável, sustentável e que segue a cultura alimentar de cada região do Brasil. Sua composição parte das recomendações nutricionais do Guia Alimentar para a População Brasileira, da dieta planetária da EAT-Lancet e de dados de compra das famílias do país, e acompanha esse custo nacionalmente e para 10 regiões metropolitanas ao longo do tempo.
O Pacto Contra a Fome também monitora o preço dos alimentos no Brasil por meio do Boletim Mensal da Inflação, que tem como base o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) para o grupo de alimentos, calculado pelo IBGE. O objetivo do Boletim é informar sobre os preços dos alimentos e os múltiplos fatores que influenciam seu aumento ou queda. Assim, evidenciamos a dificuldade de acesso à alimentação saudável e a importância de políticas públicas a nível federal, estadual e municipal que atuem de forma estrutural e sistêmica para garantir o direito à comida de qualidade, especialmente para famílias de baixa renda.
A cesta NEBIN no Boletim Mensal da Inflação
A partir de maio de 2025, o Boletim passa a fazer essa análise incluindo o custo mensal da cesta NEBIN, já que sua composição considera os efeitos da alimentação na saúde e no meio ambiente. O projeto também foi uma das referências para a construção da Nova Cesta Básica Nacional, aprovada no âmbito da Reforma Tributária em 2024.
Além disso, analisamos a variação de preços das quatro categorias da NOVA, uma metodologia de classificação dos alimentos de acordo com seu grau de processamento que os divide em in natura e minimamente processados, ingredientes culinários, processados e ultraprocessados. Essa classificação foi proposta em 2009 pelo Professor Carlos Monteiro e pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, e, em 2014, ela fundamentou as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, impactando diretamente em políticas públicas de nutrição e saúde no Brasil.
Por que acompanhar a inflação a partir da cesta NEBIN e da classificação NOVA?
Fazer esse acompanhamento é importante porque o grupo de alimentos do IPCA, que é calculado pelo IBGE, não considera o que seria uma alimentação adequada, mas sim os produtos que são mais consumidos pela população. Já a análise dos preços dos alimentos a partir da classificação NOVA e da cesta NEBIN traz um panorama mais fiel dos custos reais de manter uma alimentação saudável e sustentável no Brasil.
O que influencia os preços dos alimentos?
É importante destacar que os preços dos alimentos não estão atrelados apenas a questões econômicas e decisões do governo. A formação desse custo é determinada por uma combinação complexa de fatores climáticos, custos de produção, logística, câmbio, política agrícola e dinâmicas do mercado global. O fenômeno El Niño, de 2023-2024, por exemplo, afetou culturas como arroz, feijão e hortaliças no Sul e no Centro-Oeste, reduzindo a oferta e pressionando preços. Já no caso do café, foram os efeitos climáticos em várias regiões produtoras, quebras de safras e aumento da demanda internacional para exportação que pressionaram os preços.
A análise do Boletim, portanto, é um alerta para o impacto dessas variações de preços no orçamento das famílias mais pobres e a necessidade de se desenvolver soluções para esse impacto. Entre elas, políticas públicas que, além de incentivar o consumo de alimentos saudáveis e a preservação do meio ambiente, tornem essa realidade possível para todas as pessoas.
Nossa análise de preços a partir da cesta NEBIN
Para qualificar esse debate, preparamos uma Nota Técnica em que os critérios utilizados na construção da cesta NEBIN estão disponíveis, além de como chegamos ao preço dos alimentos presentes nela a partir do que é considerado uma alimentação adequada, saudável e sustentável.
Você pode ler esse documento na íntegra aqui:
Leia também o Boletim Mensal da Inflação dos Alimentos do mês de maio: