O relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI), divulgado por cinco agências especializadas das Nações Unidas, em evento do G20 no último dia 25 de julho, traz números importantes para olhar o cenário da fome, insegurança alimentar e má nutrição no mundo e nos países.
O Pacto Contra a Fome produziu uma nota técnica para analisar os dados divulgados e entender com profundidade a realidade do Brasil. O trabalho contou com o apoio das pesquisadoras Ana Luiza Gomes Domingos, nutricionista, doutora em Ciência da Nutrição (UFV) e Natalia Figuerôa Simões, nutricionista, mestre em Saúde e Nutrição (UFOP).
Leia a nota técnica na íntegra
O relatório da SOFI obteve uma ampla cobertura na mídia, com interpretações divergentes sobre os indicadores divulgados. Sendo assim, a nota técnica tem como objetivo destrinchar e explicar de maneira detalhada as informações contidas no documento e sua relação com outros dados existentes da fome, como o da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
SOFI e Pnad Contínua: quais são as principais diferenças?
Antes de mais nada, é importante pontuar que as Organizações das Nações Unidas (ONU) avalia a fome de maneira mais ampla, com base no progresso dos países na Agenda 2030. Já a metodologia utilizada pelo IBGE, chamada Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), analisa a insegurança alimentar grave com base nas particularidades do território brasileiro. Por isso, na avaliação do Pacto Contra a Fome, é incorreto afirmar que um levantamento tem mais valor ou é mais assertivo do que o outro.
Como cada instituição possui metodologias e focos distintos, os resultados gerados também são diferentes. Tanto o relatório da SOFI quanto a Pnad Contínua são relevantes para acompanhar o ODS 2 Fome Zero no cenário global, pois é uma maneira de observar a resposta regional e as variações das amostras nacionais.
Ainda, os estudos ajudam a entender a evolução da fome no Brasil, levando em conta desafios estruturais que o país enfrenta como a desigualdade e a pobreza, o comportamento de indicadores socioeconômicos e a efetividade das políticas públicas.
Outro ponto que precisa ser levado em conta é o período de análise. O relatório SOFI, por exemplo, apresenta dados trienais para os países, enquanto as pesquisas nacionais do IBGE utilizam dados trimestrais. Além das diferenças nas metodologias e nos períodos de análise, os indicadores utilizados pelas instituições também são distintos. Portanto, é importante lembrar que essas são interpretações diferentes de um mesmo problema.
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